21.2.09

599
Desculpe-me
por não saber
te perdoar.

600
De uma funda grota
da cavidade ocular
é que a lágrima brota.

601
- E acaso conheces
tua língua pátria?
- Yes, yes!

602
No teatro dos dias
interprete a ti
na realidade.

603
A realidade?
Então a realidade não está
nos livros?

604
Lindo,
lindo é teu olhar
sorrindo.

605
Mini universo.
Mini verso
uni.

606
E tanto se entendem,
que quando se encontram
se surpreendem.

607
O futuro – escuro.
O presente – reluzente.
O passado – apagado.

608
Faço hai-kais
e quadras
três por quatro.

609
Se uma flor se angustia,
não enfeita, se enfeia,
nem aroma irradia.

608
Em branco campo
planto
crisântemo.

609
Não confundir Van Gogh com Gogol,
que a melhor peça deste
nunca foi um girassol.

610
Estou cego para canções
e não ouço
paisagens.

611
O coração que me obedeça,
senão volto a sentir
com a cabeça.

612
Inverno – hiberno. Outono – abandono.
Primavera – espera.
Verão – insolação.

613
A vida é vivida e revivida.
A vida toda.
Toda a vida.

614
Amor finda.
A dor cura
a morfina.

615
Ela me chama.
Vamos pra cama
já sem pijama.

616
Translação rotação.
Nós e nossa moviment
ação.

617
Vem passear comigo
por campos de girassóis
e plantações de trigo.

618
Quis ler
meu pensamento,
mas não teve cabeça.

619
Criação da poesia: no princípio
era o ver
so.

620
Sempre estudei com afinco
(com estudo eu não brinco).
Minha nota média é cinco.

621
É lindo lindo lindo:
ela indo ela vindo,
sempre só – rindo.

622
Meu corpo sob(re) o teu
eleva-se - levando-te
ao céu.

623
Há dias em que adias,
em que arredias
dá adios.

624
A arte
em parte
é ar

625
Não mande flores.
Por havê-las colhido
não manterás o jardim florido.

626
Ruim de papo,
até príncipe
vira sapo.

627
Desde a cólica
do nascer,
dói ser.

628
Não tem sentido:
sem ti o tido
é ido.

629
Ousa
ou
usa

630
Céu nenhum, sol nada,
só o que de nós ecoa no oco
do além do além do azul zen.

631
Os quasares
são lilases,
aliás, quase.

632
Frag
men
todo

633
Vaso ruim, se não quebra
se desenfeita,
pois a flor murcha.

634
Á margem do precipício,
Saltar
ou soltar-se?

635
Teu ombro, meu colo,
meu berço, tua cama.
Dormes. Eu sonho.

636
Lance âncora.
Mas saiba: meu mar
não tem fundo.

637
À procura do outro
perca-se no não
achar.

638
Não há limites e me contenho.
Torno margens meus silêncios
mais profundos.

639
O eu: microcosmos
de imensidões
infimínimas.

640
De fato afeto faz falta,
mas tenho tato, sou duro, me trato,
me curo, recebo alta.

641
Quer ver minha mente?
Então apague as luzes
que ela é fosforescente.

642
Em química física matemática e biologia
sou fera. E a sala de aula
é a minha jaula de cada dia.

643
Ad infinitum mergulhei
na espiral verde ondulada
da águazul.

644
O infinito ou é in
ou é finito. Se in não é,
é fini.

645
Nós a desatar-nos
ou a atarmo-nos
sós.

646
Falta farás, mas nem tanto,
nada demais. Aliás,
tanto faz se faltarás.

647
Clone é on,
mas não é
one.

648
Miragem
tem margem?
Sim... de erro.

649
Sempre que brincamos
de esconde-esconde,
te conto onde.

650
Para ser
par,
sê ímpar.

651
O que é, o que é,
contramão
e contrapé?

652
Na infância ficou
um gosto de ontem
com sabor de amanhã.

653
O rio está cheio.
Está por aqui
ó.

654
Se não nos dermos bem,
não nos levemos
a mais.

655
O céu da boca
é transcen
dental.

656
Tomou
dramim
e drumiu

657
No meio do cami
não tinha
o nho.

659
Até escrevê-la
com a página
lida.

660
A aguada da chuva
guarda chuva aguarda
e cai bem qual luva

661
Não sou poeta prolixo
nem dou versos
deluxe

662
Ouça no último volume
meu olhar
e se acostume a ver silêncios.

663
Risquei do mapa
teu estado de espírito.
gora vivo em estado de sítio.

664
Toda manhã o co-co-ri-có
de meu galo
é em sol maior.

665
E eu quase...
Mas passou.
Foi uma fase.

666
Não quero – mallarmélado
un coup de dés –
prefiro um copydesk.

667
Look
my e-
book.

668
Ela se insi
nua a in
vestida.

669
A ordem das letras
não altera
o alfabeto.

670
Go
home
mulher

671
Me
i
os fins.

672
Eu virtual
sou do signo
de pixels.

673
Não,
Nero não era
a fênix.

674
Penis
et
circence.

675
Ela me faz sentir poeta.
Cupido a fim
de lançar a flecha.

676
Amar-me. Desarmar-me.
Amar-te com arte,
sem ar.

677
Sem ti não vôo.
Pássaro de uma só asa
) no centro das costas ( sou.

678
Prisioneiro de si, ouve,
espírito liberto,
a fuga de Bach.

679
Ela é de lua,
ela é de noite,
ela é de mel.

680
Cabeça, tronco,
des-
membro.

681
John, oh! John;
cara,
quanta imaginación.

682
O son(h)o
não me deixa
dorm(ir).

683
A flor.
As mãos da flor.
As pétalas são os dedos.

684
Sois rhythm in blues,
compassado coração
que em som te diluis.

685
Toca pedra vira flor
ou ave leve ou estátua
fincada em solo solidão.

686
Dou-me ao futuro,
até o tempo em que durar
e cair de maduro.

687
O sonho (realmente) acabou.
John Lennon
morreu.

688
Assumo.
Somo.
Sumo.

689
Sai da penumbra
E, ao sol,
assombra.

690
Pelos olhos escorre
líquidas luzes:
lágrimas.

691
Vou só ao cinema.
Minha vida passa na tela.
Já vi este filme (ou será que o vivi?)

692
Suspira a morte do filho,
fazendo ponto cruz
em bordados sem fim.

693
Praia: borda.
O mar, na areia,
transborda.

694
Dentro de mim ela morreu.
Não há túmulo melhor
que o peito meu.

695
Final de tarde,
saudade de antigo beijo.
Arde desejo.

696
Ao azul
coube
o céu

697
Nós, enfim sós.
Fim atroz.
Assim pós.

698
Vivo pobre de sonhos,
mendigando pela realidade
nacos de quase nada.

699
Bom de lábia,
o poliglota só dá beijo
de língua.

17.2.09

700
Por tão docemente te amar,
por ti
até dessalinizo o mar

701
São mais bonitas
as palavras não ditas
ou as não escritas?

702
Temos a mesma face tu e eu.
Imagem semelhante faz-se
entre deusa e ateu.

703
Que louco.
Atravessou o deserto
a nado.

704
E por seres tão linda
é que em Deus creio.
Se não existisses - que mundo feio!

705
Remixadas as novidades passadas.
Ah, o futuro antigamente
era pra ser esse presente?

706
Coitada
da santa paciência.
Morreu louca.

707
Apagou? Não.
A quem o delatou,
deletou.

708
Ô, Coisinha, belém bem.
Depois vou aí, viu,
devolver seus trem.

709
No exílio ser
inutensílio
a re-con-viver.

710
A teu universo me entrego.
Eu, para frágil encaixe,
mínima peça de Lego.

711
O relógio do Sol.
Seus raios, ponteiros
para milhões de horas.

712
Aguarde.
Deixe que o urgente
(seja) tarde.

713
Brigar comigo é brigar com a água.
Só que nunca entorno.
Sempre contorno.

714
Do que a serenidade é capaz.
Paz.
Jaz.

715
Minha luz é silenciosa.
Meu silêncio
te ilumina.

716
Os calendários não envelhecem.
Tudo passa.
Eles esquecem.

717
Como não sei o que dizer
aos teus olhos,
só os ouço.

718
Carinho:
carimbo
na pele.

719
Medo: hesitação.
Coragem:
excitação.

720
Enquanto isso,
Entrelinha
para uma frase.

721
Acabou-se o que era Dulce.
Acabou-se o que ela deu-me.
Abalou-me em si.

722
A solidão é íntima,
não de quem nunca está só
consigo mesmo.

723
O sol
te vê.
Aquece-o.

724
As dúvidas são escuras e frias?
Brilham as certezas,
ou ardem ao sol?

725
Será que há
mais corpos
que almas?

726
Sê:
anônimo.
e antônimo.

727
Se não te vejo,
sou olhar sem paisagens.
Nada a ver. Olhos para quê?

728
Não vou
em meu encontro.
Não estou pronto.

729
Tua vida contigo sempre está?
Ou há dias que em ti
nem vida há?

730
Embebeda-se
de sua grandeza.
Ressaca do mar.

731
Afie tuas lâminas,
e, para evitar outras feridas
guarde-as longe de tuas cicatrizes.

732
Mondrian:
quadrados em quadros
emoldurados.

731
Para que não fugisses tanto,
que outro nome
darias à realidade?

732
Ou o pensamento é mudo,
ou é a abstração
das palavras impensadas.

733
Em uma palavra,
tudo.
O mais sobra.

734
Não, não me ames.
Te sentirás
mais só.

735
Água
corrente.
A sede a segue.

736
Impossível alcançar,
eu,
meu próprio infinito.

737
Ouve a noite.
Ruídos de ti
não a deixam dormir.

738
Ela deu bola.
Mas...
não rolou.

739
Plante sementes
nas nuvens.
Elas ao chão virão.

740
Hímens
se
dão

741
Caiu em si.
Levou três pontos de interrogação
na cabeça.

742
Ficamos assim então:
eu com o sim,
tu com o não.

743
Deixe uma pergunta
no ar:
céu há?

744
Afinada em Sol
(e para dar som às cores),
estiquei imaginária corda no arco-íris.

745
És agora o que antes não eras,
nem nunca fostes:
imaginação.

746
Ela acha que não.
O não
é sua razão.

747
Ouçam os vivas
e o espocar
das ogivas.

748
Se há noite em excesso,
tem mais é que ser impossível
contar estrelas.

749
Aprendi
a escrever teu nome.
Amoralfabetizei-me.

750
Vamos dialogar.
Falas em silêncio,
ouvindo meu olhar.

751
Não ouso pronunciar teu nome.
Assim dou de segredar
a felicidade inominada.

752
Um dia, tem quantos
pensamentos teus em mim?
Eu não saberia te responder assim.

753
Em silêncio
não desperdiço palavras
e meu olhar te diz tudo.

754
Amanheça antes que seja tarde.
É cedo demais
para anoitecer.

755
No invisível te ouço
(mas no inaudível
não te vejo).

756
Sísifo
ficou doido
de pedra.

757
É impossível ou só difícil,
teleguiar a flecha
qual míssil?

758
Se é sublime, sublinha,
sem sublimar
o subliminar

759
Se amor há,
o amor é
e dá até.

760
Eternidade: a partir de agora,
daqui pra frente,
de hoje em diante.

761
Fogo e Água.
Para Vesúvio
e Dilúvio.

762
A bruta
delicadeza
lapido em mim

763
Em pensamentos, as tuas viagens
vêm com palavras
ou em imagens?

764
Tudo posso, nada faço.
O tempo não cabe
no espaço

765
Minha sede é outra.
Nada a sacia.
Água não há. Havia.

766
O vento que lento passa,
aos teus cabelos penteia
ou os embaraça?

767
Velho espelho,
sempre pronto
a dar conselho.

768
Vende-se
um par de luvas
de segunda mão.

769
Desde que aprendeste a andar,
de quantos passos dados
tem sido o teu caminhar?

770
Dormir
é no vazio de si
cair

771
Tira do corpo
a alma
- esvazia-te

772
O todo
em partes:
todas as artes.

773
Acende a luz
da revelação
no escuro do mistério.

774
Ela tem um quê
de querida
que nada quer.

775
Sou um
sem número
de estatísticas.

776
Asas,
a duras penas
voam e vão.

777
Deu um tiro
no pé.
Usava um 38.

778
Chega
de convers
afiada.

779
Ensimesmado
em si
mesmo.

780
Então
é ex-planeta
Plutão?

781
Para o túmulo
não levas
acúmulo.

782
O u t
b l a c k
w h i t e

783
Planeta
Ter
erra

784
No mato
sem
cacho

785
O coração parou
de abater
se

786
Z
pode ser
N (coisas)

787
Sede
de jus
taça

788
Sem sentir
não faz
sentido

789
Em caldo te tomo
e em frutas como
de ti cada gomo.

790
Ágeis e-mails,
arroubos
& spans

791
Gaiolas com pássaros fora.
Estes cantam e a liberdade
lhes é sonora.

792
Ordem estabelecida:
toda descida na ida
na volta vira subida.

793
Ah, o vaga-lume:
ora aceso ora apagado,
só assim se assume.

794
Mais que puro flerte,
realizo-me no sonho
de ainda pertencer-te.

795
Chove.
Mais dentro de mim estou.
O que sou se agasalhou.

796
De todos os modos.
Mas sempre diferentes
os modos todos.

797
O outono,
essa estação
mono.

798
Vontade de fugir
para dentro de ti.
Ficar aí. Nunca mais sair.

799
Pousada sobre uma pedra,
a leveza
da borboleta.
800
Afã de hífens:
efe-off-ufa-alf
-a

801
Acordo cor.
A cor do
Amanhecer.

802
Pior que as inúteis
são as coisas
fúteis.

803
A pressa
é arquiinimiga
da afeição.

804
Cala-te se estás feliz.
Teu silêncio
não te contradiz.

805
Tudo na vida tem um preço.
E não vou deixar barato,
se bem me conheço.

806
Sobreviva acima da vida.
Exercite o ato
de ressuscitar-se.

807
Amamente com leite das pedras
esse filho impossível:
o amor.

808
Há vagas: noções
memórias
lembranças

809
Quer que eu
te leve a sério?
Sorria e faça-me rir.

810
Vento só
pra
flauta

811
Melhor sozinho
que só
desacompanhado.

812
Batatinha quando nasce
é da infância
o refrão.

813
Os outros
não são
nosotros.

814
Andei pensando.
Aí parei.
Inclusive de pensar.

815
Sobre fundo
Branco,
o alvo.

816
Leia minha mão esquerda.
Ela não sabe
escrever.

817
Briga de galo.
Briga de foice.
Sangue. Brigada vermelha.

818
Du Soleil.
Fugiu
com o circo.

819
Ninguém acende a estrela.
Ela é que não se apaga.
Brilha na distância para vê-la. Vaga.

820
O relógio parou
na hora errada
e ainda por cima atrasado.

821
Não aconteceu nada
e quando nada acontece
nada pode ter acontecido.

822
Essa não é minha praia
para morrer
afogado

823
Pênsil,
logo
euxisto.

824
Deus é dos meus.
Estou dentre
os seus.

825
Dito e feito.
Quem diria
que alguém faria.

826
Desenhei um navio
na areia
do deserto.

827
Anda cheio
de palavras.
Cheio das palavras.

828
Incolor, sem odor, isso é flor
ou rima pobre de amor?
- Só se for.

829
Há uma gota de sangue
em cada placa
de microscópio.

830
Pôs o pé na peia.
Inda bem
que tava de meia.

831
A E I
O
Ulisses

832
Mandei um buquê.
As rosas não
falham.

833
E la
nave va
zia

834
Inacessível,
és minha
senha.

835
Foi indo toda vida.
Quando é fé acabou.
Um beco sem-saída.

836
Let it
be
atles

837
Se distrai
este poeta mineiro
fazendo uai-kai.

838
Asas de xícara.
Vôos de Ícaro.
Sol de cera.

839
Se é sem
eira,
então nem beira.

840
Canibais:
entre mortos e feridos,
serviram-se todos.

841
Do nada, nada
conclui
se

842
Tudo o que sei
faz de conta
que não

843
Perguntas
sem respostas
te deixam respondão?

844
Cego de sons, ensurdeço.
Até te ver
fazendo mímicas.

845
Luz própria.
Não paguei.
Apagaram.

846
Eu não penso
em nada
que não seja

847
Conecto-te
etc
étera

848
Quão breves e leves são
aves que ao céu
não tornam.

849
Mama mia.
Pós-parto, resguardo,
leite farto.

850
Livre?
Livre mesmo
só a queda.

851
O coração
quer sair pela boca.
Beije-o. Ou morda-o.

852
A rua que leva o gago
ao otorrinolaringologista
é toda de paralelepípedo.

853
Ora, ora,
veja as coisas por dentro
e dá logo o fora.

854
Eu,
a lhe evitar,
estou a levitar.

855
Os fins
justificam
teu snif?

856
Não beijou
a mão do papa.
Só lhe subtraiu o anel.

857
A ingratidão que se revelou
quando eu a fotografei com minha roleiflex
é que ela queimou meu filme.

858
A primeira vez (ou terá sido a última?)
que ela foi embora
foi também a única.

859
O dia nasceu com uma dúvida.
E essa ele trouxe das sobras
das sombras da noite.

860
Trabalho muito.
O que faço para sobreviver?
Poemas.

861
Há os que voltarão
a ser pó.
Eu, pólen.

862
Eu (feito um), robô,
Isaac assim
move.

863
Está na moda
reinventar a pólvora
e a roda.

864
Erro 404.
O endereço que ora visitas não existe.
Fique aqui para prosseguir.

865
Ei, DJ,
quem não arrisca
não arranha o long-play.

866
Entre Mao
e Lao,
o Tao.

867
Tatua
no céu da boca
a lua.

868
Teclas, teclado,
tecladedos e
tc

869
A solidão não tem namorado.
Não quer se sentir solitária
tendo alguém a seu lado.

870
Já brinquei de pique.
Mas hoje não tenho mais.
Nem de brincadeira.

871
Papel A4,
poemas
a três por dois.

872
Taquicardia.
Meu coração ainda bate
sem bateria.

873
Quero ficar
sozinho.
Com a poesia.

874
Uma vez fora, entorna.
Água à torneira
não torna.

875
Só o olho da rua

a cidade nua.

876
Vir
,
gula

877
Pé ante pé,
um passo de cada vez,
de/vagar se chega.

878
Janela
à
vista.

879
Dia D:
Hoje é
dia de

880
Plim-plim:
Prozac,
Projac.

881
Um dia (não sei quando)
ainda fico rico.
Aí eu me mando.

882
Pare
de tomar a pi...
Lula

883
Foi ao banco
descontar cheque
em branco.

884
Têm tudo a ver,
duas meninas
meu olhar ter.

885
Foi o rouxinol,
não a cotovia.
Este não é o sol do dia.

886
Ex-pudicas?
Por que são?
Ora, picas!

887
Na terra,
ou se planta
ou se enterra.

888
Um terço de mim
reza.
Já um quarto...

889
Verão.
O sol
cega.

890
Do casulo
para o vôo
- um pulo.

891
Na rua do sabão,
cai, cai.
Escorregão.

892
Morte: choro,
chorumela,
chorume.

893
Branca pá
gina
de cal

894
Sem som,
sou surdo,
não mudo o tom.

895
A mensagem:
o meio é
o e-mail.

896
Maravilhas
no país
de alicie.

897
Rechonchuda
a big barriga
do Buda.

898
Ambos
tontos de interrogações,
prontos para respostas.

899
Dá a cara a tapa.
Mas quem batenão escapa.

16.2.09

900
Jesus em São Paulo.
A última
cheia.

901
Epitáfio:
“Enfim,
pó”.

902
Moça do 1208.
Entra-e-sai.
Sobe-e-desce.

903
Gravidez: 9 meses
a vida empurrando
com a barriga.

904
Tem faltado ar?
Finge que respira,
Finge.

905
Volte ao index
das folhas secas
de papel chamex

906
A última vez
que vi Kasparov
foi no xadrez

907
Com estes olhos
que a terra há de come
çar a ver

908
Caiu na rede é:
site de webpeixe,
link de cardume virtual.

909
beba
do
hic [sic]

910
originau
originaw
originao

911
Capital
versus trabalho:
resultado comprado.

912
Que de pelúcia
seja o amigo
urso.

913
A pétala secou
entre páginas
do livro de Rosa.

914
Descolore-se a vida.
Verdes anos.
Foto amarelecida.

915
Criminalidade.
O ministério da justiça a
dverte.

916
Floresta:
esta flor
resta.

917
Não
next vida
na próxima

918
Levanta
saia
sente

919
Põe palavras sem sons na minha boca.
De meus olhos tira palavras que nada têm a ver.
Cegueira muda desses tempos de mal conviver.

920
Dou por escrito o que sinto.
Assino embaixo do que penso.
Analfabeto que sou dessas coisas.

921
Nada
depois dessa
vírgula,

922
Fechado em mim,
sou sem saída
ou sem fim?

923
Brasil:
quando não é caixa dois,
é caixa preta.

924
Não durma
no ponto.
Nem acorde depois.

925
Bebo da baba da moça.
Sede dela não tenho.
Só fome.

926
Isso não se esquece.
É como andar de bicicleta
(na China ou na Holanda?)

927
Nada te posso pedir além de
Nada te posso dar mais que
Nada te posso dizer senão a

928
Eu no todo
estou quase
Quasímodo

929
Um espelho se vê no outro.
Duplicidade disforme.
Imagem megami.

930
É coisa que preste? Não sei.
O anel que me deste
empenhei.

931
Ficamos de nos encontrar.
Mas pode demorar.
Entre nós o mar.

932
Avante. Levante teu Eu.
Torne gigante
o pigmeu.

933
Parou de beber
AAà
força.

934
Contradição da traição:
no guarda-roupa
um cara pelado.

935
Contra fetos
não há
abortamentos?

936
Pode-se contar nos dedos
quem tem mãos limpas,
quem dá mão à palmatória.

937
Olhos: janelas.
Retinas:
cortinas.

938
Eu me nino, durmo.
Adulto
me adulo.

939
Habita a solidão,
imensa casa
sem cômodos.

940
Nosso sexo,
acento
circunflexo.

941
Viva.
Viver é
expectativa.

942
Carícia delicia.
Delícia acaricia
& cia.

943
A ponto de
nem preciso
terminar a

944
Letras palavras gavetas
Poeta guarda livros
de ver e haveres

945
O Machado
de Assis
cortava palavras

946
Foi bom
enquanto duro
ou

947
Reticências...
O tempo de contar
até três.

948
Acaso teria outro sabor
fosse multicor
a couve-flor?

949
É feio
se espelhar
em Narciso.

950
Cadê o instantâneo?
Foi momentâneo.
Passou.

951
Carregando folha de coca,
a formiga colombiana
até troca de toca.

952
Para o mais
completo silêncio
fecha os olhos.

953
Quando cai um avião,
a gente fica sem chão?
Pior que não.

954
Teclado.
Cato
milho.

955
E se Deus
não existir,
devemos desistir?

956
Deus
criou-o
mundo.

957
Nem a poder de reza
não movas uma palha
se ela te pesa.

958
Meu bem,
teu corpo contém
glúten?

959
Não refaça nada.
Seria muita
Desfeita.

960
Até ontem à noite
eu ainda pensei.
Mas agora é tarde.

961
Tão pequeno
mas tão
tão

962
O que te dá aflição?
Não ter unhas
para roer.

963
Conheci Eva.
Doce, cheirava
a maçã.

964
Se nos duplicamos,
nus
simplificamo-nos.

965
Fui apresentado
à noite.
- Muito prazer.

966
Tua flor é,
ao mesmo tempo,
vaso

967
O céu
é e está
no azul.

968
Diga grandes coisas.
Com os olhos,
com os olhos.

969
Acaso sabes
quantos degraus
tem o escuro?

970
Na falta
de palavras
perdi a fala.

971
Caso não
mais acorde,
sono eterno.

972
Psiu.
Psique.
Psi.

973
De qual cor
e de que gosto
queres o mar?

974
Inventa uma história.
Registre-a nos anais
da imaginação.

975
Maior e vacinado,
teve paralisia
infantil.

976
Bata
com flor.
Não chibata.

977
À noite incorporo estrelas.
Todas têm nomes
de ex.

978
Amanhã
é feriado.
folgo em saber.

979
Poesia,
por favor.
Mas sem gelo.

980
Até parece
Mentira.
Mas é.

981
As legendas,
não;
as imagens.

982
A aurora é a hora
que ignora o
agora.

983
Não há rios mar não há.
Só barcos, navios.
Veja lá.

984
Woody Alen já me fez rir demais.
Woody Alen já me fez rir mais.
Woody Alen já me fez rir.

985
Ande muito, ande mais, ande.
Toda cidade grande
se expande.

986
Nota.
O músico
deu um nó.

987
Na oficina,
ofício
é sina.

988
Conheci uma arquiteta.
Ela desestruturou
meu coração Bauhaus.

989
Um abismo se abriu.
Ninguém viu
quando o cego caiu.

990
Afro
nta
preta.

991
Morto de cansaço,
mandou celebrar
missa no 7º dia.

992
Ana
Freud.
Freudiana.

993
Quem sabe o que
ninguém sabe
que

994
Eu tecla
com a ponta
do lápis.

995
Ou vede
ou
veda.

996
O português trouxe
a primeira galinha.
Piada.

997
Segunda- feia.
Segunda-freia.
Segundaferi-a.

998
Queda
livre
de hífen.

999
Cardápio:
qual o pf
do poeta faminto?

1000
Leveza de Dumbo
levando carga
de chumbo.